Crianças, experimentai fazê-lo em casa
e sabereis como é bom sem ninguém vos contar.
Recordai que não há nada que vos possam ensinar vossos pais.
Eles não são vós.
Deitai-vos, bebei.
Há séculos que estas coisas acontecem
e ninguém demonstrou até agora
que sejam muito piores que a guerra.
Há um paraíso para lá dessa linha branca.
Tudo o que faz mal e vós não fazeis,
crianças, estai-lo trocando pela serenidade.
Falaram-vos dela? Algum de vós sabe a que sabe?
Se ignorais quem sois, evitai o rodeio
de averiguá-lo, juntai-vos aos outros. Um lugar no grupo
é um posto no mundo;
ora bem,
crianças,
erga lá a mão o que queira morrer sendo útil e sensato.
Lá está, não é nada divertido.
Quanto ao resto, eu sei que não sois felizes,
quando menos pensáveis que todo o mundo vos odeia.
Pois é certo, mas não faltam motivos, sois jovens e
estúpidos e não tendes direito
a todo esse futuro que ides desperdiçar (como nós, aliás).
Estais sós, é isso? Com efeito.
Aprendei a ser livres, da mentira não fujais;
sabereis por experiência que é mais sólida
que qualquer verdade pactuada.
E sobretudo,
meus lindos,
não deveis crer
que a vida vale a pena vivê-la
só por tal jurarem desde sempre os maiores cabrões.
José Luis Piquero
Tradução A.M.
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