Adeus

Qualquer coisa esta tarde valia tanto
como a minha vida. Qualquer coisa pequena
se alguma há. Um martírio para mim esse ruído
sereno, sem escrúpulos, sem eco,
de teu sapato baixo. Que vitórias
busca quem ama? Porque são estas ruas
tão direitas? Nem olho para trás nem posso
já perder-te de vista. Esta é a terra
do escarmento, até os amigos
dão má informação. Minha boca beija
aquele que morre, aceitando-o. E a própria
pele dos lábios é a do vento. Adeus.
É útil norma, dizem, este sucesso. Fica
tu com as nossas coisas, tu, que podes,
que eu vou para onde a noite quiser.


Claudio Rodríguez
Tradução A.M.

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