Ciclo

O molar solitário de uma prostituta
que morrera no anonimato
tinha uma aplicação de ouro.
Os restantes, como por mudo acordo tácito,
tinham caído.
O funcionário da morgue arrancou-o,
pô-lo no prego e foi dançar.
É que, dizia ele,
só o que é da terra à terra deve voltar.


Gottfried Benn
in A Alma e o Caos - 100 poemas expressionistas
Relógio D` Água, 2001
Tradução de João Barrento

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