De «Outono em Cigulda»

Tal como o comboio
também tu te afastas,
foges do Outono que havia nos meus campos,
já separados, fugimos um do outro,
mas aquela casa porque não é nossa?

Estarás perto e longe,
algures, em Vladivostoque.

Sei que nos iremos repartir
por homens e mulheres que surgirão mais tarde
e um de nós substituirá o outro
por entre os prados,
«a natureza tem horror ao vazio».

Agradeço aos ramos que desaparecem.
Outros virão e assim eternamente.
É essa a lei que rege a natureza.

Uma mulher desliza pela colina
folha ou fagulha que o comboio arrasta

Salva-me!



Andrei Voznessenski
Antimundos, Cadernos de Poesia 12,
Publicações Dom Quixote, 1970
Tradução de Clara Schwarz da Silva
Versão de Armando da Silva Carvalho

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