Doanna

Tu quebras um ramo e outro ramo
mas os cursos de água que buscaste não estão aqui.
Ainda que atravesses as pedras e as margens de sombra
não encontrarás o rio branco.
Nada mais que recifes e areia e desolação
arbustos vermelhos ao sol
rochas vermelhas e portas cerradas
e restos de ferro e madeira estendendo-se sobre a terra. Chama-os.
Eles hão-de escutar a tua voz e hão-de responder-te
com a mesma voz. Mas não se recordam já
o que buscavam quando vieram
até esta passagem sombria.

Não continues.
A poeira irá destruir-te a poeira irá cobrir-te
e tu não poderás chamá-los.
Acontecerá que nesta luz inesgotável o rio branco
não ficará à espera
nunca regressará
o rio branco
o rio branco.



Takis Sinopoulos
Selected Poems,
Wire Press - Oxus Press, 1981
Tradução de Tatiana Faia

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