Toda a terra, todo o planeta
é uma grande massa além...
como uma corda, a estrada
soa e vibra.
Aonde quer que possam ir,
só podem ir para lá,
e ninguém vem para cá,
sempre para lá, sempre para lá.

Aqui fiquei eu só,
assim fiquei.
E tenho medo, reconheço o medo.
Condeno-me, culpa sobre culpa.
Mas, de repente, uma mulher - o meu coração bate.
- Aonde vais? - pergunto curioso.
- Para cá - responde ela amorosamente.
É louca, - penso eu -, é absurdo!
Como pode vir para cá,
se devia ir para lá?

Bulat Okudjava
Poetas Russos
Relógio d'Água, 1995
Tradução de Manuel de Seabra

Sem comentários: