A Doença e a Morte em cinza tornam
Todo o fogo que pra nós flamejou.
Dos teus olhos tão ternos, fervorosos,
Da boca onde a minha alma se afogou,
Dos teus beijos poderosos como um bálsamo,
Desses enlevos vivos como raios,
O que ficou? É terrível, minha alma!
Só um esboço a carvão, desenho pálido
Que morre, como eu, na solidão
E onde o Tempo, ignóbil ancião
A cada dia roça com a asa...
Negro assassino da Vida e da Arte,
Não, nunca matarás nesta memória
Essa que foi o meu prazer e glória!
Todo o fogo que pra nós flamejou.
Dos teus olhos tão ternos, fervorosos,
Da boca onde a minha alma se afogou,
Dos teus beijos poderosos como um bálsamo,
Desses enlevos vivos como raios,
O que ficou? É terrível, minha alma!
Só um esboço a carvão, desenho pálido
Que morre, como eu, na solidão
E onde o Tempo, ignóbil ancião
A cada dia roça com a asa...
Negro assassino da Vida e da Arte,
Não, nunca matarás nesta memória
Essa que foi o meu prazer e glória!
Charles Baudelaire
As Flores do Mal
Assírio e Alvim, 1992
Tradução de Fernando Pinto do Amaral
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