Ele pediu ao seu fantasma uma visão do mar,
Que pudesse ancorá-lo no meio do pensamento
Para sempre, para que ele pudesse resginar-se
E não fosse perseguido eternamente;
O fantasma inclinou a cabeça e disse gravemente:
Ó desolado, ó esquecido, devias abandonar a tua única dor, e saber
Que edificaste as tuas lágrimas, que fechaste em terra o teu coração;
Devias implorar o rugido do vento do mar
E a escuridão, e, tenhamos razão ou não,
Deves pedir sempre o desassossego e a sua monotonia;
A sua bruma sobre o teu peito - O seu barco no porto
Carregando as doces madeiras amontoadas no cais.
Ele olhou-o longamente, e depois, com uma gargalhada,
Saltou para bordo e nunca mais ninguém o viu.
Malcolm Lowry
As cantinas e outros poemas do álcool e do mar
Assírio & Alvim, 2008
Tradução de José Agostinho Baptista
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