Às vezes invento que estou apaixonado

Às vezes invento que estou enamorado
e é doce, e é estranho,
embora, visto de fora, seja estúpido e absurdo.

As canções da moda parecem-me bonitas
e sinto-me tão só
que bebo noite fora mais do que é costume.

Apaixonei-me pela Adélia, e pela Marta,
e, alternadamente, por Susanita e Carmen,
e, alternadamente, sou feliz e choro.

Não sou muito inteligente, como se vê,
mas agrada-me saber-me um entre tantos
e em ser vulgarzinho encontro certo descanso.


Gabriel Celaya
Tranquilamente Hablando
(1947)

Tradução A.M.

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