Não venho, não, vencer esta noite o teu corpo
Animal, pecador por todo um povo, nem
Em tuas tranças cavar, impuras, tristes ondas
Sob o tédio mortal derramado num beijo:
No teu leito o que busco é um sonho sem sonhos
Perpassando por sob cortinas de remorsos,
E que podes gozar em mentiras medonhas,
Tu que sabes do nada ainda mais que os mortos:
Porque o Vício, a roer minha nobreza inata,
Marcou-me como tu com a esterilidade,
Mas enquanto em pedra o teu seio é talhado
Cheio de um coração que nenhum crime mancha,
Eu fujo, angustiado, da mortalha que é minha,
Com medo de morrer quando durmo sozinho.
Animal, pecador por todo um povo, nem
Em tuas tranças cavar, impuras, tristes ondas
Sob o tédio mortal derramado num beijo:
No teu leito o que busco é um sonho sem sonhos
Perpassando por sob cortinas de remorsos,
E que podes gozar em mentiras medonhas,
Tu que sabes do nada ainda mais que os mortos:
Porque o Vício, a roer minha nobreza inata,
Marcou-me como tu com a esterilidade,
Mas enquanto em pedra o teu seio é talhado
Cheio de um coração que nenhum crime mancha,
Eu fujo, angustiado, da mortalha que é minha,
Com medo de morrer quando durmo sozinho.
Stéphane Mallarmé
Poesias
Assírio e Alvim, 2004
Tradução de José Augusto Seabra
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