Quando uma manhã Gregor Samsa acordou de sonhos inquietos, viu-se na sua cama transformado num monstruoso insecto. Estava deitado de costas, rijas como uma couraça, e, cada vez que levantava um pouco a cabeça, via a barriga castanha, abaulada e dividida por escoras em forma de anéis, no cimo da qual a coberta, prestes a resvalar por completo, mal se aguentava. As suas muitas patas, lastimavelmente delgadas em comparação com o resto do corpo, tremulavam, desamparadas, diante dos olhos.



Franz Kafka

Os Contos
Assírio & Alvim, 2004
Tradução de Álvaro Gonçalves

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