O cisne com asas de sal
esventra a aranha e o vento vermelho.
Ele fala do terraço coberto
de velas, da erva verde
do touro, da lâmina que ritma
o peito. Solitário ele atravessa
o canteiro da macieira, da cigana
pintada - lisamente. As ciladas
deixam a noite descer
na tua mão, nas nossas angústias que têm
o gosto da madeira e de uma lua saída
dos pássaros que comem o rio,
lhe restituem o seu silêncio, a sua
mentira.



Gérard de Cortanze
O Movimento das Coisas
Campo das Letras, 2002
Tradução de Isabel Aguiar Barcelos

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