Desses «em guerra» vos falo falo dos que me seguem
não os chamámos seguiram-nos
todos descremos e rimos por dinheiro não trocámos
projectados para a morte não traímos
Eu e ele somos a espaços
improváveis veículos (eu e vós)
mestres voadores numa convulsão de cigarros mestres
reptantes redemoinho meu ressaca viva oculto vinho
oculto amor
o nosso vedado o mundo tão exíguo e o dos outros
(luzes água planetas mecanismos ambíguos) mais
exíguo
Amamos o mundo (quem?) o tempo (qual?) a luz (quando?)
a treva (onde?) tudo (?) todos (?!)
trepidantes trémulos
com a ajuda mental de partículas
de merda
ou simples estados, frenesis, convulsivos, objectos,
alibis, a pique, patológicos,
risos, redundâncias, aços, lascados, alarmados,
conhecemos — além de nós, reais, —
os reis, os resíduos, o dente liliputiano
no sorriso do arcanjo.
Luiza Neto Jorge
Poesia (1960-1989)
Assírio & Alvim, 1993
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