Gerações

Antes de morrer, minha mãe disse-me mamã, vem
enquanto me olhava sem ver-me;
eu disse mamã, fica
abraçando o seu corpo diminuto
envolto em panais e cheiro a talco;
minha filha disse mamã, não chores
e acariciou-me a cabeça a consolar-me.


Quando mamã morreu, por momentos
não eram claros os laços que nos uniam
não sabíamos quem tinha partido
e quem tinha ficado
nem em que momento das nossas vidas
estávamos vivendo
ou morrendo.



Ana Pérez Cañamares
La alambrada de mi boca
Baile del Sol, Tenerife, 2007

Tradução A.M.

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