Mundo em bulício

À cidade deu-lhe para passear.
As lojas dão as mãos em círculos vastos.
Prazenteiro, um casebre meteu-se a butes.
Coxeia o tribunal. O teatro vai de rastos.

Nota-se um unânime remeximento,
Um jordaneio, um ir e vir descomunal
De palácio, de bares, de cinemas.
Nem um imóvel ficou no local.

Rígido, boto figura numa esquina.
Qiosque redondo que um verde chapéu abriga.
Uma igreja saúda, um tribunal se inclina

Ou um banho público em fuga se sustém.
Hoje conto e reconto cada vintém
E estendo-lhes um jornal da minha barriga.



Gerrit Komrij
Contrabando - Uma antologia poética
Assírio & Alvim, 2005

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