Havia um homem que gostava mais de flores do que o jardim gostava desse homem.
Era um anjo que seduzia pelos cotovelos como fazem homens e mulheres nos autocarros cheios, em cidades onde só se ama quando se é empurrado.
Nenhuma vítima tem menos ossos que o seu carrasco, e a órgãos principais idem. A diferença é que o carrasco tem a lâmina, e a vítima tem o pescoço mesmo a jeito. Mauzinhos e maus são todos, bons é que não conheço.
Era um homem que parecia vender flores, mas reparando bem eram as flores que o vendiam a ele. Era um prostituto, ou um romântico.
Era um anjo que seduzia pelos cotovelos como fazem homens e mulheres nos autocarros cheios, em cidades onde só se ama quando se é empurrado.
Nenhuma vítima tem menos ossos que o seu carrasco, e a órgãos principais idem. A diferença é que o carrasco tem a lâmina, e a vítima tem o pescoço mesmo a jeito. Mauzinhos e maus são todos, bons é que não conheço.
Era um homem que parecia vender flores, mas reparando bem eram as flores que o vendiam a ele. Era um prostituto, ou um romântico.
Gonçalo M. Tavares
Biblioteca
Campo das Letras, 2004
Sem comentários:
Enviar um comentário