Abro a varanda e olho. Nas varandas
da casa em frente o sol de Junho
brinca com as sardinheiras.
Acena-me
de lá uma rapariga: levanta a mão,
faz-me sinais, sorri e é mais bela
que o fulgor do verão.
Os minutos
aquietam-se no céu e acontece
muita luz. Dir-se-ia
que um estranho sortilégio deteve
o tempo esta manhã.
Mas fecho
os olhos por um instante, e ao abri-los
nada resta: nem casa, nem rapariga,
nem varandas com sol. Tudo isso
faz já vinte anos.
Eloy Sánchez Rosillo
Tradução A.M.
2 comentários:
o primeiro amor é igual o último.
ab,
Gustavo
Não concordo com a analogia; mais não seja por não ter ainda vivido o último, espero.
Abraço
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