Escrevo para me esvaziar de mim.
A cuspo. Para me libertar das musas.
De um saber imperial. Dos meus órgãos
Calçados com planisférios.
Escrevo para que te apaixones
pelo que pareço e não pelo que sou:
O meu interior é horrível e degradante
e eu por fora um límpido sorriso de candelabros.
Eu sou perigoso. A minha língua é azul.



Daniel Jonas

O Corpo está com o Rei
AEFLUP, 1997

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