A nomear, sempre

A nomear, sempre:
a árvore, o pássaro em voo,
o rochedo avermelhado por onde passa
o rio, verde, e o peixe
no fundo branco, quando desce a noite
sobre as florestas.

Sinais, cores, é
um jogo, receio
que o resultado possa ser in-
justo.

E quem me ensina
o que esqueci? - O sono
das pedras, o sono
dos pássaros em voo, o sono
das árvores, a sua fala
anda pelo escuro -

Houvesse aí um deus
e incarnado
e que me pudesse chamar, eu andaria
por aí, eu esperaria
um pouco.



Johannes Bobrowski

Como um respirar: antologia poética
Livros Cotovia, 1990
Tradução de João Barrento

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