O rapaz sentou-se sobre o que restara da árvore cortada,
o seu diâmetro, essa zona de anéis concêntricos
fechando-se uns sobre os outros.
Um sulco a gravitar tempo fora, ou uma espécie
de boomerang que me atinge depois da longa viagem.
As mãos a levitarem sob a manhã – será sempre manhã
porque a luz com que sonho pensando que o evoco
é uma luz exacta, sem a feroz mácula
da nocturna antecipação.
A sua expressão – consigo pressenti-la – é um refúgio
inadiável, precisão súbita sem resgate
contemplando-me.
Nisto não encontro desenlace ou sequer alguma paz.
O rapaz permanece sentado sobre o mapa
do labirinto e interpela-me:
“Não andamos à procura de histórias, pois não?
Onde está o princípio e o fim
de tão elementar acontecimento?
Recupera a visão e a visão somente, o que te cerca existe
______________quando o vês.”
Luís Quintais
Angst
Livros Cotovia, 2002
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