A porta

A porta do Hotel sorri e eu fico a tremer
Mamã o que é que me pode acontecer
Ser este empregado para quem só o nada existe
Pares silenciosos arrastados na profunda água
triste
Anjos frescos desembarcados em Marselha ontem
ao amanhecer
Ouço ao longe um canto morrer e remorrer
Humilde como sou que não sou nada que valha

Menino dei-te o que tinha agora trabalha



Guillaume Apollinaire

O século das nuvens
Hiena, 1989

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