círculo

E então o círculo começa a desenhar-se obliqua-
mente, na fosforescência da sua nudez. Nos inters-
tícios, uma luz rugosa deixa rolar as escamas sem
brilho dos peixes mortos.
A tarde é um relâmpago apagado, sem fulgor. São
as vésperas da noite, dizem, mas o espaço volatilizou-se,
as estrelas, móveis, tombaram em cascata no fundo
do poço.

É o vazio do círculo, a sua face excêntrica.



Albano Martins
O Mesmo Nome
Campo das Letras, 1996

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