Theodore, o poeta

Em rapaz, Theodore, passavas horas sentado
na margem do turvo Rio Spoon
olhando fixamente para a furna que escondia o caranguejo,
à espera que ele saísse, mostrando primeiro
as antenas ondulantes como palhas de feno
e depois o seu corpo, cor de pedra-pomes,
adornado com dois olhos de azeviche.
E perguntavas a ti próprio, enleado em pensamentos,
o que saberia ele, que coisas desejava, por que viveria.
Mais tarde o teu olhar voltou-se para os homens e as mulheres.
Esperavas que mostrassem suas almas
para que pudesses ver
como viviam ou para quê,
e por tal rastejavam com tal afã
ao longo do caminho arenoso onde a água escasseia
à medida que declina o Verão.



Edgar Lee Masters

Spoon River
Relógio d'Água, 2003

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