Como um vidro estalado

Como um vidro estalado.
A quem me ler
Não direi, já agora, se esta imagem
Vem serena dos ramos que perderam
As folhas contra o céu, ou se mastigo
Qualquer raiva escondida.
Como doendo, ou sendo, ou mastigando,
Sejam rendas aéreas, alma ferida,
Fecho, brusco, o poema onde não digo


José Saramago
Provavelmente Alegria
Editoral Caminho, 1999

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