Entopem o gargalo da toca
espetando o nariz, calcando
esquivo lagarto pateando
ossinhos de rato no Éden
de outra vida
enquanto das élficas orelhas
sacodem dejectos de sol:
duas raposas recém-nascidas.
Indiferentes ao milhafre
e à doninha,
em qualquer colo felizes
de qualquer leite beberiam.
Mas na aldeia,
numa porta de estábulo
imunda e carunchosa
o sangue secou no ruivo pêlo
e na materna cabeça a pólvora
onde a bala deu entrada.
Rui Lage
Corvo
Quasi Edições, 2008
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