Um tipo de tristeza que não me pertence,
ao atravessar o parque.
Separada e autónoma.
Quando a sinto olho, como se por cima,
a minha tristeza de sempre : anda sozinha na casa,
usa as minhas toalhas, remexe nas capas de cartolina
e desarruma a cozinha
com uma acostumada mansidão.
Esta é alta e tem donaire,
como a espuma ao alto batida do oceano,
com algo de bandeira, de truque e de portagem.
A minha tristeza de sempre vai colada aos meus dias
como uma fina pele de seda transparente.
Aproxima-me de cada coisa, como se pretendesse
a gema de tristeza que sabe no fundo.
Esta corre e flameja, e parece vencer,
de cada vez que paro, o resto da minha vida.
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