Únicos e raros

Mas sente agora a minha crueldade
sem defesa,
porque to confesso e confesso em verdade
e com verdade: se de alguma coisa tive medo
foi do teu riso trémulo
e poroso como um
desmaio,
do recorte dos ombros,
da tua camisola verde- de um poema
de Byron.
E, sobretudo, sim, da tua grande, da tua imensa
tristeza.
E só por isso
me doeu o deserto que te (e me) arrastava; tantas as mágoas,
as afinidades,
as cumplicidades.
Porque nós somos únicos
e raros.
Juro.



Eduarda Chiote

O Meu Lugar à Mesa
Quasi Edições, 2006

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