«…e escreveu o poema como lhe veio, palavra por palavra. Era como copiar um poema que outra pessoa lhe sussurrasse ao ouvido, mas ainda assim dava toda a atenção às palavras da página. Como nunca tinha escrito um poema daquela forma, num ímpeto de inspiração, de uma só vez, um canto de sua cabeça duvidava da sua qualidade. Mas à medida que os versos se seguiam, um após outro, parecia-lhe que era perfei­to em todos os aspectos, o que fez seu coração feliz bater mais rápido. E as­sim continuou escrevendo quase sem interrupção, deixando espaços apenas aqui e ali para as palavras que não tinha ouvido direito, até ter escrito trinta e quatro versos.»



Orhan Pamuk
Neve
Editorial Presença, 2008

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